quarta-feira, 30 de março de 2011

Pérolas do Enem – O que não escrever na sua Redação.




                                                                                                           Antônio Levi
Referências:
    http://www.jkg.com.br/videos/engracados/245/perolas-do-enem-o-que-nao-escrever-na-sua-redacao

terça-feira, 29 de março de 2011

Qual é o seu maior medo? 3 mil jovens responderam.

Todos os estudantes, em algum momento da vida, têm algum tipo de receio. Seja na hora de prestar vestibular ou decidir uma carreira é comum surgir uma certa insegurança. O Nube fez uma enquete com a seguinte questão “O que mais te causa medo?” e, para a nossa surpresa, a maioria teme não ser bem sucedido na carreira. As opções dadas aos jovens foram: “Ter problemas financeiros”, “A morte”, “Ficar sozinho”, “O futuro profissional” e “Falar em público”. Veja o levantamento.

Pode parecer inusitado, mas 28,6% dos 3.500 internautas que responderam a questão afirmam apresentar medo do futuro profissional. Em segundo lugar no ranking estão aqueles com receios de ter problemas financeiros (22,5%). “Ambos aspectos são complementares. A maioria dos jovens se preocupa em escolher a carreira correta, afinal, essa deverá ser seguida por toda a vida. No entanto, um dos fatores analisado pelos estudantes para tomar essa decisão, é a média de remuneração, justamente pelo objetivo de receber bons salários”, diz a coordenadora de recrutamento e seleção do Nube, Natália Caroline Varga.

Se você está se perguntando se ninguém escolheu a opção “A morte”, a resposta é sim. 19,5% do público têm medo de perder a vida. Por outro lado, 16,5% dos estudantes temem ficar sozinhos, sem a companhia de amigos ou familiares. Mas vale ressaltar: mesmo com tal insegurança, esse público busca a cada dia sua independência. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2008, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 11,6% dos brasileiros vivem sem um companheiro. Há dez anos, esse percentual era de 8,4%.
E por último, com 12,7%, vem o antigo medo de falar em público. Muitos enfrentam essa dificuldade em diversas situações do dia-a-dia, inclusive, em processos seletivos. Devido ao nervosismo, os jovens usam jargões, vícios de linguagem e pecam na formulação de frases. Esses costumes chamam atenção na hora da dinâmica e podem reprovar o candidato.
                                                                                                                                     
                                         Jornal Local
                                                          “Hoje me dei conta”

Hoje me dei conta de que as
pessoas vivem a esperar por algo
E quando surge uma oportunidade
Se dizem confusas e despreparadas
Sentem que não merecem
Que o tempo certo ainda não chegou
E a vida passa
E os momentos se acumulam
como papéis sobre uma mesa
Estamos nos preparando para qualquer coisa
Mas ainda não aprendemos a viver
A arriscar por aquilo que queremos
A sentir aquilo que sonhamos
E assim adiamos nossas
vidas por tempo indeterminado
Até que a vida se encarregue
de decidir por nós mesmos
E percebemos o quanto perdemos
E o tanto que poderíamos ter evitado
Como somos tolos em nossos
pensamentos limitados
Em nossas emoções contidas
Em nossas ações determinadas
O ser humano se prende em si mesmo
Por medo e desconfiança
Vive como coisa
Num mundo de coisas
O tempo esperado é o agora
Sua consciência lhe direciona
Seus sentidos lhe alertam
E suas emoções não
mais são desprezadas
Antes que tudo acabe
É preciso fazer iniciar
Mesmo com dor e sofrimento
Antes arriscar do que apenas sonhar


                                                                                                                       (Cecília Meireles)

Muitas vezes só nos damos conta de tudo que tivemos de oportunidade, de tudo que vivemos depois que passou. Precisamos parar e refletir no presente, ter coragem e vencer nossos medos, vencer preconceitos muitas vezes contra nós mesmos. Amigos sejamos capazes de arriscar e não só sonhar com o que queremos. Faça isso e acredite que valerá a pena.


                                 
                                                                                                                      
                                                                                                                                  Emilly Leite

Redação do Vestibular da Universidade da Bahia.


MUITA CRIATIVIDADE!!!
Vestibular da Universidade da Bahia cobrou dos candidatos  a interpretação do seguinte trecho do poema de Camões: 

            “Amor é fogo que arde sem se ver, 
            é ferida que dói e não se sente, 
             é um contentamento descontente, 
            dor que desatina sem doer”.  

             
Uma vestibulanda de 16 anos deu a sua interpretação : 
 

             “Ah, Camões!, se vivesses hoje em dia, 
                tomavas uns antipiréticos, 
                uns quantos analgésicos          
                e Prozac para a depressão
                Compravas um computador,            
                consultavas a Internet           
                e descobririas que essas dores que sentias,       
                esses calores que te abrasavam,          
                essas mudanças de humor repentinas,       
                esses desatinos sem nexo, 
                não eram feridas de am
or, 
                mas somente falta de sexo”! 
 
A Vestibulanda ganhou nota DEZ: pela originalidade, pela estruturação dos versos, das rimas insinuantes, e também foi a primeira vez que, ao longo de mais de 500 anos, alguém desconfiou que o problema de Camões era apenas falta de mulher.

                                                                  
 Por:  Aline Romão
*Referências:
http://blogdopaulonunes.com/v2/2009/01/texto-vestibular-camoes/

Esta é a política brasileira...

Bom dia Brasil - CASA CIVIL

CQC - Reportagem exclusiva que não foi exibida

Por isso hoje em dia a política é vista como a forma mais fácil de roubar. Mais fácil que pegar doce de uma criança, é ser político e passar despercebido.

José Carlos
A quem cabe a responsabilidade sobre a escolha alimentar da população?

Em 2008, o Ministério da Saúde lançou uma ofensiva para tentar regulamentar a propaganda de alimentos que apresentassem altos teores de açúcar, sal e gordura. Entre as propostas estavam a restrição do horário de veiculação de anúncios desses produtos e a exigência de divulgação de mensagens de alerta sobre os males desses ingredientes como: "O consumo excessivo de gordura aumenta o risco de desenvolver diabetes e doença do coração". O ministério alegava tratar-se de um problema de saúde pública, uma vez que as crianças são o alvo principal da propaganda desses produtos. Porém, como não foi criada nenhuma lei específica até o momento, os projetos não entraram em vigor. O índice de obesidade infantil cresce todos os anos e, diante disso, é possível perguntar: o governo deveria criar alguma lei para controlar as propagandas das redes de fast-food? A quem cabe, afinal, a responsabilidade sobre a escolha alimentar da população? Ao governo, à família, à sociedade?



Leia a proposta completaEnvie sua redaçãoTema de fevereiro de 2011 Índice de TemasEnchentes: o excesso de chuvas é o único responsável pelo desastre?

Um ano após o deslizamento de terras que matou cerca de 50 pessoas em Angra dos Reis, o Estado do Rio de Janeiro voltou a sofrer as consequências das fortes chuvas de verão. Neste ano, foram mais de 700 mortes na região serrana, motivo de comoção nacional. A Austrália também foi tomada por fenômeno semelhante, mas lá a enchente, que deixou mais de 3,5 mil desalojados, matou apenas cerca de 30 pessoas. A comparação entre o que ocorreu nos dois lugares dá o que pensar, principalmente quando se leva em conta que, segundo muitas previsões, há mudanças climáticas em curso e o volume de chuvas pode aumentar gradativamente ao longo do século. A questão é se o homem está totalmente à mercê das forças naturais e nada pode fazer diante da fúria da natureza ou se existem formas de prevenir os desastres e proteger-se deles. Na sua opinião, deve-se culpar somente o excesso de chuvas pelas catástrofes que atingiram diversas cidades brasileiras neste ano?



Íntegra da proposta

Redações corrigidas*:Os desastres de janeiro

4,5

[Esqueceu o título]

2,5

O mundo em declínio

2,0

Até quando essa mesma história continuará a se repetir

9,0

Ignorando evidências

2,5

À espera de decisões sensatas

5,0

Inundação de erros

6,5

Poluição: caso ou descaso?

3,5

Negligência conjunta

7,0

A conscientização é fundamental

5,5

Tristeza e dissimulação: a cara do Brasil de hoje

2,5

A humanidade se autodestrói

3,0

De braços cruzados

4,5

Mais ações e menos discursos

6,5

Exemplo a ser seguido pelo Brasil

9,0

Prevenção ainda é a melhor solução

8,0

A necessidade de políticas públicas como forma...

7,0

Enchentes no RJ: calamidade natural ou efeito humano

4,0

Responsabilidade. Nossa

5,5

Os verdadeiros culpados

5,0

Os textos publicados antes de 1º de janeiro de 2009 não seguem o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. A grafia vigente até então e a da reforma ortográfica serão aceitas até 2012
OPÇOES DE LIVROS E SEUS AUTORES.A Cidade e as Serras Eça de Queirós


A Consciência de Zeno Italo Svevo

A Farsa de Inês Pereira Gil Vicente

A Hora da Estrela Clarice Lispector

A Linha de Sombra Joseph Conrad

A Menina sem Estrela Nelson Rodrigues

A Mulher Desiludida Simone de Beauvoir

A Relíquia Eça de Queirós

A Revolução dos Bichos George Orwell

A Rosa do Povo Drummond de Andrade

A Sibila Augustina Bessa-Luis

Alguma Poesia Drummond de Andrade

Amor de Perdição Camilo Castelo Branco

Angústia Graciliano Ramos

As Cidades Invisíveis Italo Calvino

Auto da Barca do Inferno Gil Vicente

Breve Romance de Sonho Arthur Schnitzler


Brás, Bexiga e Barra Funda Antônio de A. Machado

Cem Anos de Solidão Gabriel García Marques

Contos Novos Mário de Andrade

Dom Casmurro Machado de Assis

Dublinenses James Joyce

Espumas Flutuantes Castro Alves

História do Cerco de Lisboa José Saramago

Iracema José de Alencar

Libertinagem Manuel Bandeira

Lolita Vladimir Nabokov

Macunaíma Mário de Andrade

Madame Pommery Hilário Tácito

Manuelzão e Miguilim Guimarães Rosa

Memórias de Adriano Marguerite Yourcenar

Memórias de um Sargento de Milícias Manuel A. de Almeida

Memórias Póstumas de Brás Cubas Machado de Assis

Morte e Vida Severina João Cabral de Melo Neto

Morte em Veneza Thomas Mann

No Caminho de Swann Marcel Proust

Nosso Homem em Havana Graham Greene

O Amante Marguerite Duras

O Amanuense Belmiro Ciro dos Anjos

O Bom Crioulo Adolfo Caminha

O Caso Morel Rubem Fonseca

O Crime do Padre Amaro Eça de Queirós

O Fio da Navalha W. Somerset Maugham

O Grande Gatsby Scott Fitzgerald

O Jovem Törless Robert Musil

O Nome da Rosa Umberto Eco

O Noviço Martins Pena

O Primo Basílio Eça de Queirós

O Processo Franz Kafka

O Senhor das Moscas William Golding

http://vestibular.uol.com.br/resumos-de-livros/
http://educacao.uol.com.br/bancoderedacoes/

sexta-feira, 25 de março de 2011

O Pagador de Promessas - Dias Gomes


Primeiro Ato - Primeiro Quadro

Ao subir o pano, a cena está quase às escuras. Apenas um jato de luz, da direita, lança alguma claridade sobre o cenário. Mesmo assim, após habituar a vista, o espectador identificará facilmente uma pequena praça, onde desembocam duas ruas. Uma à direita, seguindo a linha da ribalta, outra à esquerda, ao fundo, de frente para a platéia, subindo, encadeirada e sinuosa, no perfil de velhos sobrados coloniais. Na esquina da rua da direita, vemos a fachada de uma igreja relativamente modesta, com uma escadaria de quatro ou cinco degraus. Numa das esquinas da ladeira, do lado oposto, há uma vendola, onde também se vende café, refresco, cachaça etc.; a outra esquina da ladeira é ocupada por um sobrado cuja fachada forma ligeira barriga pelo acúmulo de andares não previsto inicialmente. O calçamento da ladeira é irregular e na fachada dos sobrados vêemse alguns azulejos estragados pelo tempo. Enfim, é uma paisagem tipicamente baiana, da Bahia velha e colonial, que ainda hoje resiste à avalancha urbanística moderna. Devem ser, aproximadamente, quatro e meia da manhã. Tanto a igreja como a vendola estão com suas portas cerradas. Vem de longe o som dos atabaques dum candomblé distante, no toque de Iansan. Decorrem alguns segundos até que Zé-do-Burro surja, pela rua da direita, carregando nas costas uma enorme e pesada cruz de madeira. A passos lentos, cansado, entra na praça, seguido de Rosa, sua mulher. Ele é um homem ainda moço, de 30 anos presumíveis, magro, de estatura média. Seu olhar é morto, contemplativo. Suas feições transmitem bondade, tolerância e há em seu rosto um “quê” de infantilidade. Seus gestos são lentos, preguiçosos, bem como sua maneira de falar. Tem barba de dois ou três dias e traja-se decentemente, embora sua roupa seja mal talhada e esteja amarrotada e suja de poeira. Rosa parece pouco ter de comum com ele. É uma bela mulher, embora seus traços sejam um tanto grosseiros, tal como suas maneiras. Ao contrário do marido, tem “sangue quente”. É agressiva em seu “sexy”, revelando, logo à primeira vista, uma insatisfação sexual e uma ânsia recalcada de romper com o ambiente em que se sente sufocar. Veste-se como uma provinciana que vem à cidade, mas também como uma mulher que não deseja ocultar os encantos
que possui. Zé-do-Burro vai até o centro da praça e aí pousa a sua cruz, equilibrando-a na base e num dos braços, como um cavalete. Está exausto. Enxuga o suor da testa.

(Olhando a igreja) É essa. Só pode ser essa. (Rosa pára também, junto aos degraus, cansada, enfastiada e deixando já entrever uma revolta que se avoluma).
ROSA
E agora? Está fechada.
É cedo ainda. Vamos esperar que abra.
ROSA
Esperar? Aqui?
Não tem outro jeito.
ROSA
(Olha-o com raiva e vai sentar-se num dos degraus. Tira o sapato). Estou com cada bolha d’água no pé que dá medo.
Eu também. (Contorce-se num ritus de dor. Despe uma das mangas do paletó). Acho que os meus ombros estão em carne viva.
ROSA
Bem feito. Você não quis botar almofadinhas, como eu disse.
(Convicto) Não era direito. Quando eu fiz a promessa, não falei em almofadinhas.
ROSA
Então: se você não falou, podia ter botado; a santa não ia dizer nada.
Não era direito. Eu prometi trazer a cruz nas costas, como Jesus. E Jesus não usou almofadinhas.
ROSA
Não usou porque não deixaram.
Não, nesse negócio de milagres, é preciso ser honesto. Se a gente embrulha o santo, perde o crédito. De outra vez o santo olha, consulta lá os seus assentamentos e diz: - Ah, você é o Zé-do-Burro, aquele que já me passou a perna! E agora vem me fazer nova promessa. Pois vá fazer promessa pro diabo que o carregue,
seu caloteiro duma figa! E tem mais: santo é como gringo, passou calote num, todos os outros ficam sabendo.
ROSA
Será que você ainda pretende fazer outra promessa depois desta? Já não chega?...
Sei não... a gente nunca sabe se vai precisar. Por isso, é bom ter sempre as contas em dia. (Ele sobe um ou dois degraus. Examina a fachada da igreja à procura de uma inscrição).
ROSA
Que é que você está procurando?
Qualquer coisa escrita... pra a gente saber se essa é mesmo a igreja de Santa Bárbara.
ROSA
E você já viu igreja com letreiro na porta, homem?
É que pode não ser essa...
ROSA
Claro que é essa. Não lembra o que o vigário disse? Uma igreja pequena, numa praça, perto duma ladeira...
(Corre os olhos em volta) Se a gente pudesse perguntar a alguém...
ROSA
Essa hora está todo o mundo dormindo. (Olha-o quase com raiva). Todo o mundo... menos eu, que tive a infelicidade de me casar com um pagador de promessas. (Levanta-se e procura convencê-lo). Escute, Zé... já que a igreja está fechada, a gente podia ir procurar um lugar pra dormir. Você já pensou que beleza agora uma cama?...
E a cruz?
ROSA
Você deixava a cruz aí e amanhã, de dia...
Podem roubar...
ROSA
Quem é que vai roubar uma cruz, homem de Deus? Pra que serve uma cruz?
Tem tanta maldade no mundo. Era correr um risco muito grande, depois de ter quase cumprido a promessa. E você já pensou; se me roubassem a cruz, eu ia ter que fazer outra e vir de novo com ela nas costas da roça até aqui. Sete léguas.
ROSA
Pra quê? Você explicava à santa que tinha sido roubado, ela não ia fazer questão.
É o que você pensa. Quando você vai pagar uma conta no armarinho e perde o dinheiro no caminho, o turco perdoa a dívida? Uma ova!
ROSA
Mas você já pagou a sua promessa, já trouxe uma cruz de madeira da roça até à igreja de Santa Bárbara. Está aí a igreja de Santa Bárbara, está aí a cruz. Pronto. Agora, vamos embora.
Mas aqui não é a igreja de Santa Bárbara. A igreja é da porta pra dentro.
ROSA
Oxente! Mas a porta está fechada e a culpa não é sua. Santa Bárbara : deve saber disso, que diabo.
(Pensativo) Só se eu falasse com ela e explicasse a situação...
ROSA
Pois então... fale!
(Ergue os olhos para o céu, medrosamente e chega a entreabrir os lábios, como se fosse dirigir-se à santa. Mas perde a coragem) Não, não posso...
ROSA
Por que, homem?! Santa Bárbara é tão sua amiga... Você não está em dia com ela?
Estou, mas esse negócio de falar com santo é muito complicado. Santo nunca responde em língua da gente... não se pode saber o que ele pensa. E além do mais, isso também não é direito. Eu prometi levar a cruz até dentro da igreja, tenho que levar. Andei sete léguas. Não vou me sujar com a santa por causa de meio metro.
ROSA
E pra você não se sujar com a santa, eu vou ter que dormir no chão, no “hotel do padre”. (Olha-o com raiva e vai deitar-se num dos degraus da escada da igreja). E se tudo isso ainda fosse por alguma coisa que valesse a pena...
Você podia não ter vindo. Quando eu fiz a promessa, não falei em você, só na cruz.
ROSA
Agora você diz isso. Dissesse antes...
Não me lembrei. Você também não reclamou...
ROSA
Sou sua mulher. Tenho que ir pra onde você for ..
Então... Rosa ajeita-se da melhor maneira possível no degrau, enquanto Zé-do-Burro, não menos cansado do que ela faz um esforço sobre-humano para não adormecer. Cochila, montando guarda à sua cruz. Subitamente, irrompem na praça Marli e Bonitão. Ela tem, na realidade, vinte e oito anos, mas aparenta mais dez. Pinta-se com algum exagero, mas mesmo assim não consegue esconder a tez amareloesverdeada. Possui alguns traços de uma beleza doentia, uma beleza triste e suicida. Usa um vestido muito curto e decotado, já um tanto gasto e fora de moda, mas ainda de bom efeito visual. Seus gestos e atitudes refletem o conflito da mulher que quer libertar-se de uma tirania que, no entanto, é necessária ao seu equilíbrio psíquico - a exploração de que é vítima por parte de Bonitão vem, em parte, satisfazer um instinto maternal frustrado. Há em seu amor e em seu aviltamento, em sua degradação voluntária, muito de sacrifício maternal, ao qual não falta, inclusive, um certo orgulho. Bonitão é insensível a tudo isso. Ele é frio e brutal em sua “profissão”. Encara a exploração a que submete Marli e outras mulheres, como um direito que lhe assiste, ou melhor, um dom que a natureza lhe concedeu, juntamente com seus atributos físicos. Em seu entender, sua beleza máscula e seu vigor sexual, aliados a um direito natural de subsistir, justificam plenamente seu modo de
vida. É de estatura um pouco acima da média, forte e de pele trigueira, amulatada. A ascendência negra é visível, embora os cabelos sejam lisos, reluzentes de gomalina e os traços regulares, com exceção dos lábios grossos e sensuais e das narinas um tanto dilatadas. Veste-se sempre de branco, colarinho alto, sapatos de duas cores. Descem a ladeira, ela na frente, a passos rápidos. Ele a segue, como se viessem já de uma discussão.
BONITÃO
Espere. Não adianta andar depressa...
MARLI
É melhor discutirmos isso em casa.
BONITÃO
(Alcança-a e obriga a parar torcendo-lhe violentamente o braço) Não, vamos resolver aqui mesmo. Não tenho nada que discutir com você...
MARLI
(Livra-se dele com um safanão, mas seu rosto se contrai dolorosamente)
Estúpido!
BONITÃO
Ande, vamos deixar de mas-mas. Passe pra cá o dinheiro.
MARLI
(Tira do bolso do vestido um maço de notas e entrega a ele) Não podia esperar até chegar em casa?
BONITÃO
(Chega mais para perto do jato de luz e conta as notas, rapidamente) Só deu isto?
MARLI
Só. A noite hoje não foi boa. Você viu, o “castelo” estava vazio.
BONITÃO
E aquele galego que estava conversando com você quando cheguei?
MARLI
Uma boa conversa. Queria se fretar comigo. Ficou mangando a noite toda e não se resolveu...
BONITÃO
(Mete subitamente a mão no decote de Marli e tira de entre os seios uma nota) Sua vaca! Ele faz menção de dar-lhe um bofetão, ela corre e refugia-se atrás da cruz. Zé-do-Burro desperta de sua semisonolência.
MARLI
Eu precisava desse dinheiro. Pra pagar o quarto, você sabe.
BONITÃO
Não gosto de ser tapeado. Por que não pediu?
MARLI
E você dava?
BONITÃO
Claro que não. (Guarda o dinheiro na carteira) Isso ia fazer falta no meu orçamento. Tenho compromissos e você bem sabe que não gosto de pedir dinheiro emprestado. É uma questão de feitio.
MARLI
E eu, que faço pra pagar o quarto? Já devo dois meses e a dona anda me olhando atravessado.
BONITÃO
(Indiferente) É um problema seu. Tenho muita coisa em que pensar.
MARLI
Eu sei, eu sei no que você pensa...
BONITÃO
(Sorri e há em seu sorriso uma sombra de ameaça) Penso, por exemplo, que você, de três meses pra cá, está fazendo muito pouco. A Matilde está fazendo quase o dobro...
MARLI
(Compreende a ameaça, avança para ele sacudida pelo ciúme e pelo pavor de perdê-lo) Eu sei, você está dando em cima daquela arreganhada. Ela mesma anda dizendo.
BONITÃO
Eu não dou em cima de mulher nenhuma, você sabe disso. É uma questão de princípios.
MARLI
Quer dizer que é ela quem está dando em cima de você!
BONITÃO
Ela perguntou se eu estava precisando de dinheiro.
MARLI
(Ansiosamente) E você?...
BONITÃO
Eu só pedi umas informações de ordem técnica, arrecadação diária etc...
MARLI
(Agarra-o freneticamente pelos braços) Bonitão, você não aceitou o dinheiro dela, aceitou?! Você não aceitou o dinheiro daquela vagabunda!
BONITÃO
(Olha-a friamente) E que tinha, se aceitasse? Eu também preciso viver.
MARLI
Mas o que eu lhe dou não chega?!
BONITÃO
Você compreende, eu também tenho ambições. Se eu não tivesse qualidades, bem. Mas eu sei que tenho qualidades. É justo que viva de acordo com essas qualidades.
MARLI
Mas o que lhe falta? Eu não tenho lhe dado tudo que você me pede? Se for preciso, dou mais ainda. Não pense que é por medo de que você me largue pela Matilde, não. (Alisa sua roupa e admira-o, maternalmente) É porque tenho prazer em ver você vestido com a roupa que eu dei, com os sapatos que eu comprei e com a carteira recheada de notas que eu ganhei pra você. Tenho orgulho, sabe?
BONITÃO
(Desvencilha-se dela) Pois então veja se na próxima vez não esconde dinheiro no decote. Tenho certeza de que a Matilde não é capaz de um gesto feio desses.
MARLI 
Ela é capaz de coisas muito piores. Se você quiser, eu lhe conto.
BONITÃO
(Bruscamente) Não quero ouvir nada. Quero é que você vá pra casa.
MARLI
(Decepcionada) Você não vai comigo?
BONITÃO
Não, vou ficar um pouco mais por aqui. Vá na frente que daqui a pouco eu apareço por lá.
MARLI
(Enciumada) E o que é que você vai ficar fazendo na rua a uma hora dessas?
BONITÃO
(Com muita seriedade) Ora, mulher, eu preciso trabalhar! (Acende um cigarro, abstraindo-se da presença de Marli, que o fita como um cão escorraçado pelo dono. Só então este se mostra intrigado com a cruz no meio da praça. Examina-a curiosamente e por fim dirige-se a Zé-do-Burro) É sua? Zé balança a cabeça em sinal afirmativo. Marli vai até à escada da igreja, senta-se num degrau, sem se incomodar com Rosa, deitada mais acima, tira os sapatos e movimenta os dedos doloridos.
BONITÃO
(Nota a igreja, faz uma associação de idéias) Encomenda?
Não, promessa.
BONITÃO
(A princípio parece não entender, depois ri). Gozado.
Não acho.
BONITÃO
Não falei por mal. Eu também sou meio devoto. Até uma vez fiz promessa pra Santo Antônio...
Casamento?
BONITÃO
Não, ela era casada.
E conseguiu a graça?
BONITÃO
Consegui. O marido passou uma semana viajando...
E o senhor pagou a promessa?
BONITÃO
Não, pra não comprometer o santo.
Nunca se deve deixar de pagar uma promessa. Mesmo quando é dessas de comprometer o santo. Garanto que da próxima vez Santo Antônio vai se fingir de surdo. E tem razão.
BONITÃO
O senhor compreende, Santo Antônio ia ficar mal se soubessem que foi ele quem fez o trouxa viajar. (Nota que Marli ainda não se foi) Que é que você ainda está fazendo aí?
MARLI
Esperando você.
BONITÃO
(Vai a ela) Já lhe disse que vou depois. Vai ficar agora grudada em mim?
MARLI
(Levanta-se) Escute, Bonitão... você não podia deixar eu ficar ao menos com aquela nota?
BONITÃO
Já lhe disse que não. Não insista.
MARLI
Mas eu preciso pagar o quarto!
BONITÃO
O quarto é seu, não é meu.
MARLI
Mas o dinheiro é meu. É justo que eu fique ao menos com algum.
BONITÃO
É justo por quê?
MARLI
Porque fui eu que trabalhei.
BONITÃO
E desde quando trabalhar dá direito a alguma coisa? Quem lhe meteu na cabeça essas idéias? (Olha-a de cima a baixo, com desconfiança) Está virando comunista? Marli fita-o com ódio e sai bruscamente pela direita. Bonitão acompanha-a com o olhar e depois sorri, tira o dinheiro do bolso e torna a contá-lo.
(Candidamente) Esse dinheiro... é dela mesmo?
BONITÃO
(Guarda o dinheiro) Bem, esta é uma maneira de olhar as coisas. E toda coisa tem pelo menos duas maneiras de ser olhada. Uma de lá pra cá, outra de cá pra lá. Entendeu?
Não...
BONITÃO
Não vale a pena explicar. É uma questão de sensibilidade.
O senhor é... marido dela?
BONITÃO
Não, sou assim uma espécie de fiscal do imposto de renda. (Sobe, como se fosse sair, mas se detém diante de Rosa, cujo vestido, levantado, deixa ver um palmo de coxa).
ROSA
(Abre os olhos, sentindo que está sendo observada) Que é?
BONITÃO
Nada... estava só olhando... (Rosa conserta o vestido.)
BONITÃO
Não deve ser lá muito confortável essa cama... (Rosa olha-o com raiva.)
BONITÃO
(Olha-a mais detidamente) E olhe que você bem merece coisa melhor.
ROSA
Diga isso a ele (Aponta Zé-do-Burro).
BONITÃO
A ele?
ROSA
Meu marido.
BONITÃO
Ah, você também veio pagar promessa...
ROSA
Eu não, ele. E por causa dele estou dormindo aqui, no batente de uma igreja, como qualquer mendiga. (Senta-se)
Não deve faltar muito para abrir a igreja. O senhor sabe que horas são?
BONITÃO
(Consulta o relógio) Um quarto para as cinco.
Sabe a que horas abre a igreja?
BONITÃO
Não, não é bem o meu ramo...
Mas às seis horas deve ter missa. Hoje é o dia de Santa Bárbara...
ROSA
(Ressentida) Às seis horas. Tenho que agüentar mais de uma hora ainda neste batente duro. E a promessa não é minha!
BONITÃO
É capaz da porta da sacristia já estar aberta.
O senhor acha?
BONITÃO
Padre acorda cedo...
Às cinco horas?
BONITÃO
Então; tem que se preparar para a missa das seis.
É verdade...
BONITÃO
Por que o senhor não vai ver?
É... (Hesita um pouco)
BONITÃO
A porta é do lado de lá...
Rosa, você vigia a cruz, eu vou dar a volta... não demoro. (Sai)
BONITÃO
Pode ir sem susto que eu ajudo a tomar conta de sua cruz. (Depois que Zé-do-Burro sai) das duas.
ROSA
Só que uma ele carrega nas costas e a outra... se quiser que vá atrás dele. (Levanta-se)
BONITÃO
E você não é mulher para andar atrás de qualquer homem... ao contrário, é uma cruz que qualquer um carrega com prazer...
ROSA
(Com recato, mas no fundo envaidecida) Ora, me deixe.
BONITÃO
Palavra. Seu marido não lhe faz justiça. Isso não é trato que se dê a uma mulher... mesmo sendo mulher da gente.
ROSA
Se ele faz pouco de mim, faz pouco do que é dele.
BONITÃO
Não discuto. Só acho que você não é mulher para dormir em batente de igreja. Tem qualidades para exigir mais: boa cama, com colchão e melhor companhia.
ROSA
Não fale em cama pra quem tem o corpo moído, como eu.
BONITÃO
Tão cansada assim?
ROSA
Duas noites sem dormir, sete léguas no calcanho...
BONITÃO
Sete léguas? Quantos quilômetros?
ROSA
Sei lá... só sei que sete vezes amaldiçoei aquele dia em que fui roubar caju com ele na roça dos padres...
BONITÃO
Ah, foi assim...
ROSA
A gente faz cada besteira...
BONITÃO
Quanto tempo faz?
ROSA
Oito anos...
BONITÃO
E você casou com ele?
ROSA
Casei.
BONITÃO
Sem gostar?
ROSA
(Depois de um tempo) Gostava, sim. Sabe, na roça, o homem é feio, magro, sujo e mal vestido. Ele até que era dos melhores. Tinha um sítio...
BONITÃO
E daí?
ROSA
Daí, eu achei que ele garantia tudo que eu queria da vida: homem e casa. A gente quando é franga, com licença da palavra, tem merda na cabeça
BONITÃO
(Algo interessado) Ele tem um sítio, é?
ROSA
Tinha, agora tem só um pedaço. Dividiu o resto com os lavradores pobres.
BONITÃO
Por quê?
ROSA
Fazia parte da promessa.
BONITÃO
Que é que está esperando? Virar santo?
ROSA
Não brinque. Pelo caminho tinha uma porção de gente querendo que ele fizesse milagre. E não duvide. Ele é capaz de acabar fazendo. Se não fosse a hora, garanto que tinha uma romaria aqui, atrás dele.
BONITÃO
Depois de cumprir a promessa, ele vai voltar pra roça?
ROSA
Vai.
BONITÃO
E você?
ROSA
Também. Por quê?
BONITÃO
Se você viesse pra cidade, eu podia lhe garantir um bonito futuro...
ROSA
Fazendo o quê?
BONITÃO
Isso depois se via.
ROSA
Eu não sei fazer nada.
BONITÃO
(Segura-a por um braço) Mulheres como você não precisam saber coisa alguma, a não ser o que a natureza ensinou... Rosa puxa o braço bruscamente, depois de manter, por alguns segundos, um olhar de desafio.
ROSA
Não faça isso! Ele pode voltar de repente
BONITÃO
Ele deve ter ido acordar o padre. (Volta a aproximar-se dela)
ROSA
(Desvencilha-se dele novamente) Me solte. (Volta a sentar-se na escada) Eu queria era dormir. Dava a vida por uma cama... com um lençol branco... e uma bacia d’água quente onde meter os pés.
BONITÃO
Eu posso lhe arranjar um hotelzinho aqui perto... (Rosa lança-lhe um olhar hostil.)
BONITÃO
Isso sem segundas intenções... só pra você dormir, descansar dessa romaria.
ROSA
Não quero me meter em encrencas.
BONITÃO
Não há nenhum perigo de encrenca. Sou muito cotado com o porteiro do hotel e tenho boas relações com a polícia. Nesta zona, todos respeitam o Bonitão.
ROSA
(Quase sensualmente) Bonitão.
BONITÃO
(Vaidoso) É um apelido...
ROSA
(Olha-o de cima a baixo).
BONITÃO
(Senta-se junto dela)
ROSA
Não chegue perto, estou muito suada.
BONITÃO
No hotel tem banheiro... para quem andou sete léguas, um banho de chuveiro e depois uma cama com colchão de mola...
ROSA
Colchão de mola mesmo?
BONITÃO
Então...
ROSA
Nunca dormi num colchão de mola. Deve ser bom.
BONITÃO
Uma delícia... Entra Zé-do-Burro pela direita. Bonitão levanta-se.
Tudo fechado. Tem jeito não.
ROSA
(Revoltada) E eu que agüente este batente duro até Deus sabe lá que horas.
Paciência, Rosa. Seu sacrifício fica valendo.
ROSA
Pra quem? Pra Santa Bárbara? Eu não fiz promessa nenhuma.
Oxente! Melhor ainda. Amanhã, quando você fizer, a santa já está lhe devendo!
ROSA
Nunca vi santo pagar dívida. (Volta a deitar-se no degrau)
BONITÃO
(Assumindo um ar tão eclesiástico quanto possível) A senhora faz mal em ser tão descrente. Quem sabe se Santa Bárbara já não está providenciando o pagamento dessa dívida? E quem sabe se não escolheu a mim pra pagador?
(Muito ingenuamente) O senhor não era fiscal do imposto de renda? Agora é pagador de Santa Bárbara...
BONITÃO
Meu caro, com o custo de vida aumentando dia a dia, a gente tem que se virar. Mas não é esse o caso. Digo que Santa Bárbara já deve estar tratando de liquidar o débito hoje contraído com sua senhora, porque me fez passar por aqui esta noite.
Não vejo nada de mais nisso.
BONITÃO
Porque o senhor não sabe que eu posso, em cinco minutos, arranjar uma boa cama, com colchão de mola, num hotel perto daqui.
Pra ela?
BONITÃO
E pro senhor também.
Eu não posso. Tenho que esperar abrir a igreja. Se soubesse que não iam roubar a cruz...
BONITÃO
(Rapidamente) Oh, não, a cruz não deve ficar sozinha. Esta zona está cheia de ladrões. A cruz é de madeira e a madeira está caríssima.
É o que eu acho. Não devo sair daqui.
BONITÃO
Mas eu posso ficar tomando conta, enquanto o senhor e sua senhora vão descansar.
O senhor?
BONITÃO
E por que não?
Mas a igreja pode demorar a abrir. Pelo menos uma hora ainda.
BONITÃO
Eu espero. Sua esposa me contou a caminhada que fizeram, o senhor carregando nas costas essa cruz através de léguas e léguas, para cumprir uma promessa. Isso me comoveu.
Mas não é justo. Não foi o senhor quem fez a promessa.
ROSA
Ele está querendo ajudar, Zé.
Mas não é direito. Eu prometi cumprir a promessa sozinho, sem ajuda de ninguém. E essa história de dormir no hotel não está no trato.
BONITÃO
E sua senhora está no trato?
Rosa? Não, ela pode ir.
BONITÃO
Nesse caso, se quiser que eu leve sua senhora... ao menos ela descansa enquanto espera pelo senhor.
Você quer, Rosa? Quer ir esperar por mim no hotel? (Volta-se para Bonitão) É hotel decente?
BONITÃO
(Fingindo-se ofendido) Ora, o senhor acha que ia indicar...
Desculpe, é que sempre ouvi dizer que aqui na cidade...
BONITÃO
Pode confiar em mim.
É longe daqui?
BONITÃO
Não, basta subir aquela ladeira...
Que é que você diz, Rosa?
ROSA
(Percebendo o jogo de Bonitão) Quero não, Zé. Prefiro ficar aqui com você.
Ainda agora mesmo você estava se queixando.
BONITÃO
Não é pra menos. Deve estar exausta. Sete léguas.
Afinal de contas, você tem razão, a promessa é minha, não é sua. Vá com o moço, não tenha acanhamento.
BONITÃO
Eu vou com ela até lá, apresento ao porteiro, que é meu conhecido - sim, porque uma mulher sozinha, o senhor sabe, eles não deixam entrar - depois volto para lhe dizer o número do quarto. Daqui a pouco, depois de cumprir a sua promessa, o senhor vai pra lá.
Se o senhor fizesse isso, era um grande favor. Eu não posso me afastar daqui.
BONITÃO
Nem deve. Primeiro, Santa Bárbara.
ROSA
Zé, é melhor eu ficar com você...
Pra que, Rosa? Assim você vai logo descansar numa boa cama, não precisa ficar aí deitada nesse batente frio...
BONITÃO
Um perigo! Pode pegar uma pneumonia.
ROSA
(Inicia a saída. Pára, hesitante. Pressente o perigo que vai correr. Procura, com o olhar, fazer Zé-do-Burro compreender o seu receio) Zé...
Ahn, sim. (Enfia a mão no bolso, tira um maço de notas) Pode ser que precise pagar adiantado...
ROSA
(Recebe o dinheiro. Encara o marido) Talvez seja melhor, depois de entregar a cruz, você mandar
também rezar uma missa em ação de graças...
(Sem entender o alcance da sugestão) É, não é má idéia. Rosa sobe a ladeira e Bonitão a segue.
BONITÃO
(Saindo) Volto num minuto.
Está bem. (Senta-se ao pé da cruz e procura uma maneira de apoiar o corpo sobre ela. Aos poucos, é vencido pelo sono. As luzes se apagam em resistência)

Professor Cristóvão Lopes

sexta-feira, 11 de março de 2011

Terremoto e Tsunami no Japão

    Terremoto e tsunami matam mais de 300 no Japão



        TÓQUIO, 11 de março (Reuters) - O maior terremoto já ocorrido no Japão em 140 anos de medições atingiu na tarde desta sexta-feira (madrugada no Brasil) a costa nordeste do arquipélago, provocando uma onda de dez metros de altura que varreu tudo em seu caminho, incluindo casas, navios, carros e estruturas agrícolas.
       Cerca de 300 corpos foram encontrados na cidade costeira de Sendai, no nordeste do país, segundo a emissora de TV NHK. Aparentemente, as pessoas morreram afogadas. A dimensão dos danos ao longo de uma extensa faixa costeira indica que o número de mortos pode aumentar significativamente.
Centenas estão desaparecidos.
      A Cruz Vermelha disse em Genebra que a parede de água é mais alta do que algumas ilhas do Pacífico, e um alerta de tsunami foi emitido para toda a bacia do oceano, com exceção do Canadá e da parte continental dos Estados Unidos.
      A Indonésia, o Estado norte-americano do Havaí e as Filipinas, entre outros, determinaram a desocupação de áreas costeiras.
Países da região como Taiwan, Austrália e Nova Zelândia, no entanto, já suspenderam o alerta.
Por causa do tsunami, a população japonesa foi orientada a fugir de áreas costeiras para terrenos mais elevados.
      Foram registrados incêndios em pelo menos 80 lugares, segundo a agência de notícias Kyodo. A Kyodo também informou que uma embarcação com cem pessoas naufragou por causa do tsunami.
Cerca de 3 mil pessoas que moram perto de uma usina nuclear na localidade de Fukushima foram orientadas a deixar suas casas, mas o governo afirmou que não há riso de vazamento. Segundo as autoridades, a remoção da população da área era uma precaução por causa do mau funcionamento do equipamento de resfriamento do reator.
'Eu fiquei apavorado e ainda estou com medo', disse Hidekatsu Hata, 36 anos, gerente de um restaurante no bairro de Akasaka, em Tóquio. 'Eu nunca vivi um terremoto dessa magnitude antes.'
O primeiro-ministro Naoto Kan disse a políticos que eles precisam 'salvar o país' após o desastre, que segundo ele causou danos profundos em toda a faixa norte do país.
       O tremor dividiu uma rodovia perto de Tóquio e derrubou vários prédios no nordeste japonês. Um trem estava desaparecido na região litorânea atingida pelo tsunami.
Um navio que levava 100 pessoas foi levado pelo tsunami, de acordo com a agência Kyodo, e imagens de TV mostraram a força da água, escurecida pelos destroços, carregando casas e carros e levando embarcações do mar para a terra.
       Algumas usinas nucleares e refinarias de petróleo foram paralisadas, e havia fogo em uma refinaria e numa grande siderúrgica.
      O governo do Japão afirmou que um sistema de resfriamento da usina nuclear Fukushima Daiichi, da Tokyo Electric Power, não está funcionando após o terremoto. Os trabalhos para reparar o problema já foram iniciados.
      O governo declarou situação de emergência como precaução, mas não há vazamento radioativo e não era esperado por ora algum problema decorrente da falha no sistema, afirmou o secretário da chefia de gabinete, Yukio Edano, a jornalistas.
Cerca de 4,4 milhões de imóveis ficaram sem energia no norte do Japão, segundo a imprensa. Um hotel desabou na cidade de Sendai, e há temores de que haja soterrados.
     A gigante eletrônica Sony, um dos maiores exportadores do país, fechou seis fábricas, informou a Kyodo. Jatos da Força Aérea foram deslocados para a costa nordeste para determinar a extensão dos danos.
     O Banco do Japão (Banco Central) prometeu medidas para assegurar a estabilidade do mercado financeiro, mas o iene e as ações de empresas japonesas registraram queda.
MAR E FOGO
Filipinas, Taiwan e Indonésia emitiram alertas de tsunami, reavivando a lembrança do gigantesco maremoto que atingiu a Ásia em dezembro de 2004. O Centro de Alerta de Tsunamis do Pacífico advertiu sobre riscos em países tão distantes quanto Colômbia, Chile e Peru, no outro lado do Pacífico.
    O terremoto no Japão foi o quinto mais forte do mundo no último século.
    Houve vários tremores secundários após o terremoto principal. Em Tóquio, os edifícios sacudiram violentamente. Uma refinaria de petróleo perto da cidade estava em chamas, com dezenas de tanques de armazenamento sob ameaça.
Impressionantes imagens de TV mostraram o tsunami carregando destroços e incêndios em uma grande faixa litorânea perto da cidade de Sendai, que tem cerca de 1 milhão de habitantes. Navios foram erguidos do mar e jogados no cais, onde ficaram caídos de lado.
Sendai fica a 300 quilômetros de Tóquio, e o epicentro do tremor, no mar, não fica muito distante dessa região.
     A emissora NHK mostrou chamas e colunas de fumaça negra saindo de um prédio em Odaiba, um subúrbio de Tóquio, e trens-balas que seguiam para o norte do país parados.
Fumaça escura também encobria uma região industrial em Yokohama. A TV mostrou moradores da cidade correndo para deixar prédios atingidos pelo tremor, protegendo as cabeças com as mãos enquanto destroços caiam sobre elas.
   'O prédio sacudiu por bastante tempo e muitas pessoas na redação pegaram seus capacetes e se esconderam debaixo da mesa', disse a correspondente da Reuters em Tóquio Linda Sieg.
'Isso foi provavelmente o pior que eu já vivi desde que vim morar no Japão há mais de 20 anos'
   O tremor aconteceu pouco antes do fechamento do mercado em Tóquio, derrubando o índice Nikkei para a cotação mais baixa em cinco semanas. O desastre também prejudicou mercados em outras partes do mundo.


                                                                                                                                   
 
                                                                                                                                       Raiza Correia

quinta-feira, 10 de março de 2011

A lição do lápis.



A lição do lápis


O menino olhava a avó escrevendo uma carta. A certa altura, perguntou:
- Você está escrevendo uma história que aconteceu conosco? E por acaso, é uma história sobre mim? A avó parou a carta, sorriu, e comentou com o neto:
- Estou escrevendo sobre você, é verdade. Entretanto, mais importante do que as palavras, é o lápis que estou usando. Gostaria que você fosse como ele, quando crescesse. O menino olhou para o lápis, intrigado, e não viu nada de especial.
- Mas ele é igual a todos os lápis que vi em minha vida!
- Tudo depende do modo como você olha as coisas. Há cinco qualidades nele que, se você conseguir mantê-las, será sempre uma pessoa em paz com o mundo.

Primeira qualidade: você pode fazer grandes coisas, mas não deve esquecer nunca que existe uma Mão que guia seus passos. Esta mão nós chamamos de Deus, e Ele deve sempre conduzi-lo em direção à Sua vontade.

Segunda qualidade: de vez em quando eu preciso parar o que estou escrevendo, e usar o apontador. Isso faz com que o lápis sofra um pouco, mas no final, ele está mais afiado. Portanto, saiba suportar algumas dores, porque elas o farão ser uma pessoa melhor.

Terceira qualidade: o lápis sempre permite que usemos uma borracha para apagar aquilo que estava errado. Entenda que corrigir uma coisa que fizemos não é necessariamente algo mau, mas algo importante para nos manter no caminho da justiça.

Quarta qualidade: o que realmente importa no lápis não é a madeira ou sua forma exterior, mas o grafite que está dentro. Portanto, sempre cuide daquilo que acontece dentro de você.

Finalmente, a quinta qualidade do lápis: ele sempre deixa uma marca. Da mesma maneira, saiba que tudo que você fizer na vida irá deixar traços, e procure ser consciente de cada ação.

Que sejamos todos nós como o lápis!

      Bom pessoal, essa mensagem eu li faz alguns anos, mas assim que pensei em postar, lembrei dela,  por ter um significado muito especial e por eu considerar o resumo da minha trajetória.  A mensagem diz que devemos ser guiados por uma força superior e entregar a nossa vida a esta. Seu nome? Deus! Nunca nos esqueçamos dEle. Diz também, que devemos suportar os problemas e encará-los com a cabeça erguida, pois nada como um dia após o outro. Mesmo que passemos por situações complicadas, como a que eu estou passando, façamos dos problemas, uma forma de usar a força que temos.  E se errarmos, precisamos aprender com os erros, pois a vida é uma só e devemos fazer dela, uma completa aprendizagem. Devemos parar de se preocupar com aparências, mas sim atentarmos para as qualidades de uma pessoa, sem julgá-la por motivos medíocres, como o que você considera “certo ou errado”, “bonito ou feio”, “da moda ou cafona”. Tirem esses conceitos de vossas mentes e dêem valor ao que há de melhor em uma pessoa: sua história, os seus pensamentos, sentimentos, atitudes... Viva como se fosse o último dia da sua vida. Não basta sonhar! Faça de seus sonhos objetivos, não desista deles e transforme-os em metas que devem ser cumpridas a partir de esforço próprio. Agradeço o espaço e desejo-lhes as qualidades que tem o lápis, mas não esqueçam: o amor é a cura para qualquer problema...
“O essencial é invisível aos olhos”, pois... ”Só se vê bem com o coração”
“O sucesso não pode ser um objetivo, é uma conseqüência... Faça algo por amor e o sucesso virá! Cuide de seus olhos para enxergar além da imagem”.
      Votos cordiais,
Aline Romão